sexta-feira, 21 de março de 2014

Memórias da minha infância

Há bocado estava a ler não sei o quê na Internet sobre o Bud Spencer. Para quem não sabe, o Bud Spencer é um actor italiano que fazia os chamados "spaghetti westerns" ao lado do seu amigo de sempre, o Terrence Hill. De repente vi-me inundada por memórias dos meus tempos de criança. Eu e o meu pai, no sofá, cabecinha encostada ao peito dele, a ver os filmes do Bud Spencer e do "Trinitat". Adorávamos. O que eu me ria com as parvoíces que eles faziam, aquele homem enorme, e o loirinho com ar de espertalhaço.
Sempre fui uma menina do pai. Quando acordava a meio da noite era o meu pai quem eu chamava, houve uma altura que só ele lavava o meu cabelo, porque para mi só ele sabia como fazer. Assim que começava o MacGyver ouvia "Ana, já começou!" (sim, sou Ana Rita, e só os meus pais me chamam Ana) e desatava a correr do meu quarto até à sala para ver que raios ia inventar neste episódio o MacGyver. 
A minha ideia de um dia bem passado era andar de roda do meu pai, ir com ele às obras e depois comer uma bifana num tasco qualquer (há até uma história engraçada de como uma vez fomos a casa de uns amigos, a senhora pergunta se eu quero um bolo, eu respondo "prefiro uma bifana, obrigada"... com 3 anos). E nunca fui maria rapaz, simplesmente adorava passar o dia com ele. 
Ainda hoje é no meu pai que eu mais confio. Se tenho um problema, é com ele que falo, porque é a pessoa que mais me acalma e me faz ver se tenho ou não razão e que tudo se resolve. Ainda hoje, a véspera de Natal é nossa, almoço no Madeirense das Amoreiras, compras dos presentes para a mãe. 
Adoro os meus pais, como é óbvio, os dois por igual. Mas é do meu pai que sinto mais falta aqui em Madrid. Das nossas discussões típicas, mas da nossa grande amizade. Somos muito companheiros. 
Nunca festejámos o Dia do Pai, porque simplesmente presentes e passar dias juntos fazemos sempre que podemos, não é uma convenção que nos vai forçar a fazer coisas que já são tão comuns para nós. 
Mas fiquei nostálgica hoje, ao ler qualquer coisa sobre o Bud Spencer, quem diria que seria isto que me faria sentir tantas saudades do meu pai hoje. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

A vida a dois

Recentemente começámos a viver juntos.
Fui uma decisão bem pensada, ponderada, discutimos "as regras do jogo" e o M. foi ficando lá em casa cada vez mais dias até que um dia fomos buscar tudo o que faltava. 
Para mim não foi nada fácil aceitar que, de repente, tenho de consultar alguém para fazer certas coisas (é claro que no que toca à decoração ele não mete o nariz), que já não posso estar a ver séries à vontade no computador à noite (pelo menos sem headphones), que há que preparar jantares e organizar roupa que não é a minha. Além disso, o M. nunca tinha vivido longe da mãe (vivia no apartamento por baixo do dos pais) para lhe limpar e arrumar tudo. Mas está a aprender rapidamente que, no que toca a tarefas, tem de se repartir tudo. E não me queixo. Até a máquina da roupa já põe a lavar tranquilamente. 
Isto tudo para dizer que fizemos tudo nas calmas e tivemos um processo de adaptação conveniente aos dois e não houve grande choque. Acho isso importante, falar de tudo, deixar tudo claro. Não é só de amor que sobrevive uma relação, e viver juntos pode ser muito difícil, portanto é importante estabelecer certas regras. É claro que ele ainda vai deixando umas meias no chão, mas vai aprendendo. 
E é tão bom chegar a casa e ter a pessoa que amamos de braços abertos para nos dar um abraço.