terça-feira, 27 de maio de 2014

Sobre as eleições europeias em Espanha

Por ser cidadã europeia, pude votar em Espanha para estas eleições. Por isso, dei-me ao trabalho de ler os programas dos partidos (pelo menos de 5 ou 6, que isto aqui é partidos que nunca mais acaba). Decidi-me por um partido centrista, sem ser PP nem PSOE. Gostei da alternativa apresentada, e a UPyD elegeu 4 deputados este ano, em vez do único deputado eleito em 2009. Em Espanha o bipartidarismo foi o principal castigado: o PP cantou vitória, mas perdeu 2.5 milhões de votos, no PSOE o secretário geral demitiu-se. 
A surpresa foi um partido chamado PODEMOS, numa clara alusão ao "Yes we can", um partido de hipsters e revoltadinhos do movimento 11M, liderados por um professor universitário de rabo de cavalo. Nas papeletas, o simbolo deste partido tinha a cara do seu líder, Pablo Iglésias, trotskista. Elegeram 5 deputados europeus. Existem há 3 meses. Há que dar atenção a este fenómeno, a esquerda subiu em Espanha, no geral, seja através do Podemos, da Izquierda Unida, de movimentos nacionalistas, etc. Uma esquerda radical na verdade. É certo que isto foi um castigo aos partidos do centro, e bem dado. O PP e o PSOE são vergonhosos, comportam um sem fim de escândalos. As pessoas não são parvas, e procuram hoje uma alternativa que se preocupe com elas, em vez de ganhar mais dinheiro a roubar ao estado. 
Posto isto, não posso negar que prefiro ver este miúdo do Podemos no parlamento, que os nazis que foram eleitos na Grécia. Mas isso fica para um próximo post. 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sobre as eleições europeias em Portugal

1 - O PS ganhou.
2 - O PSD/PP ganhou porque perdeu mas com pouca margem.
3 - A CDU ganhou porque subiu no número de votos.
4 - O Marinho Pinto ganhou.
5 - O BE ganhou porque ainda assim elegeu um deputado. 
6 - O Rui Tavares perdeu. 

Esta foi a leitura que fiz das declarações dos diversos partidos e analistas que ouvi e li hoje. E isto é ridículo. É ridículo porque:

1 - O PS perdeu, porque deveria ter ganho de uma forma estrondosa, não por 100.000 votos. O Seguro que deixe de ter ilusões, porque ele vai conseguir tanto ser primeiro ministro, quanto eu vou ganhar um Nobel. E ainda bem. O PS sempre foi a minha cor política, mas neste momento não tem uma liderança minimamente forte. Venha o António Costa!

2 - A Aliança Portugal perdeu, não nos podemos esquecer que são dois partidos coligados. As (pouquíssimas) pessoas que votaram tentaram dar um cartão amarelo a esta política de austeridade (só para alguns). É verdade que tomaram medidas para melhorar a economia - insuficientes a meu ver. E ainda se está a emitir mais dívida. E a subir impostos, que é uma medida puramente temporária e não sustentável. Ninguém que ganhe 500 euros por mês consegue sobreviver a uma política de aumento de impostos como a que estamos a ver. E os pequenos negócios também são altamente prejudicados. Ao mesmo tempo continuo a ver contratações para o Governo de miúdos de 27 anos a ganhar 3000 euros por mês (já sei que não é assim que se resolve, mas há que dar o exemplo, lá está). O Estado precisa de uma reestruturação profunda, e isso ninguém tem coragem de fazer. 

3 - Os votos de protesto foram na CDU, e nada mais. Não têm a mínima hipótese de formar Governo (graças a Deus nosso Senhor), mas ao mesmo tempo é bom que continuem a existir. 

4 - O Marinho Pinto também beneficiou do seu perfil público de "justiceiro" e, uma vez mais, recebeu votos de protesto de quem já não acredita em nada. 

5 - O BE morreu ontem. E isso é bom.

6 - Rui Tavares tem um ego gigante e esqueceu-se que não é por ter feito a gracinha de se zangar com o seu partido a meio do mandato que ia agora gerar uma onda de apoio em torno a si. Não dizer quem apoiava para presidente da comissão também não ajudou. 

Como este ano cumpri o meu dever de cidadã europeia aqui em Madrid, votando para os partidos espanhóis, farei também uma leitura do que se passou em Espanha e na Europa em geral.