Há exatamente 1
ano que não publico nada neste blog. Não é que tenha deixado de ver blogs, vejo
bastantes e com regularidade, mas não tive inspiração. Passaram-se muitas
coisas em 2016, mas não me apeteceu publicar ou não tive tempo. Não sei porquê,
sinceramente. Quando hoje vi que há 1 ano que não escrevia nem acreditei,
passou tão rápido.
2016 foi um ano
especial. Foi o ano em que fiquei noiva (caso a 1 de Abril, de verdade J), o ano em que despediram 5000 pessoas no
meu trabalho mas em que fiquei responsável de equipa, o ano em que o meu pai
melhorou da sua doença rara graças a um ensaio clínico.
Foi também o ano em que perdi (perdemos)
referencias. A começar pela perda do meu post anterior – David Bowie. Ainda não
acredito que o perdemos, e é incrível como uma pessoa que não conhecemos pode
ser tão familiar. Acreditei que algumas canções do Bowie tinham sido escritas
só para mim. Ainda hoje tenho uma canção do Bowie para quando estou triste,
feliz, a precisar de pensar, para dançar.
Vai que em 2016
também morreram o Prince e o George Michael, mas a segunda morte que me tocou
foi a de Leonard Cohen, para mim o maior dos cantautores (que me desculpem os fãs
do Nobel (!!!) Bob Dylan). Impossível não sentir as suas canções, a
profundidade daquela voz. Sim, deixou-nos já passados os seus 80 anos, mas
ainda assim foi uma perda enorme.
Eis que quase
quase no final do ano morre a Carrie Fisher. Eu AMO Star Wars mas a morte da
Carrie Fisher foi mais do que a morte da princesa Leia: foi a morte de uma
mulher que foi uma das maiores vozes do combate às doenças mentais, tão
incompreendidas pela sociedade. Foi uma mulher que representava para mim o que
o feminismo deve ser, a igualdade, a inteligência mas sem deixar os sentimentos
femininos para trás. A morte da Carrie Fisher tocou-me muito, mesmo.
Acabou 2016, e em
2017 já ocorreu uma morte que nunca pensei que me tocasse tanto: Mário Soares. Na
minha linha do pensamento político, Mário Soares foi um dos piores primeiros
ministros de Portugal. Nos últimos anos não dizia nada com sentido. Há quem
diga que foi um anti-democrata, eu acho que ele só estava velho e a cabeça já não
era a mesma.
É inegável no
entanto que o Mário Soares sacrificou muitas vezes a sua vida pessoal por
Portugal. Que esteve preso, que esteve exilado. Que criou a alternativa ao PCP
e que graças a ele temos uma democracia. Acho triste só se falar nos erros que
cometeu (foram muitos), quando políticos destes já não existem. Milhares de
histórias existem sobre o Mário Soares (o Expresso vai publicar 5 histórias
esta semana, recomendo a leitura) mas deixo uma que sempre gostei.
Nas presidenciais
de 1986, Soares estava muito longe dos restantes candidatos, Freitas do Amaral
e o amigo de sempre e apoiado pelo PCP Francisco Salgado Zenha. No debate
contra Salgado Zenha, Soares diz-lhe a certa altura com aquele ar triste “nós
eramos como irmãos”, ao que Salgado Zenha responde “eu nunca fui seu irmão”,
entendendo que Soares se refería à Maçonaria. Salgado Zenha perdeu nesse dia as
eleições para Mário Soares, e graças ao PCP que pediu aos seus eleitores para
taparem a foto de Soares com a mão mas porém a cruz no sítio certo, Freitas do
Amaral também perdería as eleições e nasceria o primeiro presidente civil de
Portugal democrático: Mário Soares.
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