sexta-feira, 24 de agosto de 2012

2012


Estamos em pleno 2012, século XXI. Supostamente, há 2012 anos veio à Terra um homem que foi um exemplo de compaixão, filho de Deus para uns, "apenas" profeta para outros, um homem normal para outros. Não sei quem era Jesus Cristo, sei que existiu. No entanto, na minha condição de agnóstica confessa, não sei qual das hipóteses corresponde à verdade. Mas sei que no seu tempo marcou o mundo e sei que era judeu. E que alguém o matou. Em nome de medo, religião, o que seja. Isto foi há quase 2000 anos. 
Nestes últimos 2012 anos (e antes disso também), o ser humano teve uma apetência para destruir o que não compreendia, o que nos custou quem sabe a hipótese de hoje estarmos (ainda) mais evoluídos. 
Quando Hernán Cortés chegou ao México em 1519 não se preocupou em entender os observatórios Maias, preocupou-se em matar os Maias e sacar todo o ouro que pudesse. Nessa mesma altura, na Europa perseguiam-se judeus, mouros, e toda a gente cuja religião se diferencia-se da Católica. Isto nos Impérios Português e Espanhol. O custo? Muitos judeus refugiaram-se nos Países Baixos, e começou um boom económico que viria eventualmente a custar o domínio económico Ibérico. 
A Inquisição perseguiu e matou milhares de pessoas, injustamente condenadas por pensarem de forma diferente. Tal como tinha acontecido com Jesus Cristo centenas de anos antes. 
As pessoas podem dizer "ah e tal, isso era a época medieval, não estavam tão evoluídos, não se pode comparar...". Muito bem, concordo que hoje já ninguém condena alguém por dizer que a Terra é redonda. Mas ainda se condena e mata muita gente em nome do que não se conhece. E este é o meu ponto: não aprendemos com o passado. 
Em 1939 um homem foi eleito para governar a Alemanha. Chamava-se Adolf Hitler e pensava que uma só raça era superior, e que para que o mundo fosse um lugar melhor, deveria haver uma selecção e acabar com as raças menores. O resto é história, o Holocausto foi o evento mais vergonhoso da história da (des)humanidade. E quando pensavamos que tinhamos aprendido... Em 1994 ocorre o genocídio no Ruanda, e antes em 1991 começava a guerra da Jugoslávia, entre povos diferentes de um mesmo país. E en 1999 voltamos a ter genocídio no Kosovo. 
Voltemos a 2012. No Sudão, no Uganda, e em muitos países africanos, continua-se a matar gente porque não seguem a mesma cultura. Continua-se a mutilar mulheres, a violar crianças, a queimar aldeias. Tal como no início dos tempos. E pensamos "ah, mas estes países são assim porque a colonização foi mal feita e estão à mercê de ditadores". Correcto. Vamos ver então o que se passa no "Mundo Desenvolvido". 
Estados Unidos, 2012: Um candidato a senador diz que todo o tipo de aborto deve ser proibido, inclusivé se for o caso de uma violação porque gravidezes derivadas de violações quase não porque o corpo não o permite, tem mecanismos para o evitar. O partido Republicano aprova então para o seu programa a proibição total do aborto. Muito evoluído. Nas escolas da América profunda, passou-se a ensinar o Creaccionismo como verdade e não como metáfora. Neste momento, há milhões de crianças a achar que realmente derivamos todos de Adão e Eva. 
Rússia, 2012: Madonna é processada por defender os homossexuais e a parada gay de Moscovo é proibida por 100 anos, sim isso mesmo, 100 anos. Ao mesmo tempo, 3 mulheres de um grupo de música são condenadas a 2 anos num "campo prisional" (mais campo de concentração) por protestar contra um Presidente que já foi Primeiro-Ministro e que gosta de tirar umas fotos tipo Chuck Norris no Verão. Um presidente que não garante Direitos Humanos, liberdade de expressão. 
China, 2012: Continuam a ser condenadas pessoas por falarem livremente contra o regime que ainda está vigente na China. Um regime opressivo. 

Resumindo, não aprendemos nada. Eu olho para as notícias no mundo e assusto-me todos os dias. 
E não é para me assustar? 

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