terça-feira, 14 de dezembro de 2010

É a economia estupido!

Adoro chegar ao trabalho e fazer a minha leitura matinal dos jornais portugueses. Sempre com notícias tão interessantes escritas por pessoas que claramente sabem de tudo! É fantástico.
O tema recorrente nos últimos tempos é a crise, claro. De quem é a culpa (do Sócrates, dos mercados, do polvo Paul?), se o FMI vai ou não entrar (um dia sim, no outro não, conforme a vontade do jornalista), se há mais greves, se a função pública vai ser aumentada apesar de estarmos virtualmente falidos, enfim, uma panóplia de especulações próprias de quem quer vender jornais e publicidade e não percebe absolutamente nada do que realmente se passa.
Há uns meses, os nossos media aprenderam um novo termo: "agência de rating". De repente, estes agentes que mais não fazem senão dar uma classificação a quem lhes paga, eram Deus na terra. Depois, o termo foi "dívida pública", cuja taxa não parava de crescer. Por fim, FMI. Esta organizão é o grande papão actualmente, apesar de que na verdade quase ninguém percebe qual é o problema do FMI voltar a entrar em Portugal.
Eu chamo a todas estas especulações (iniciadas nos media e seguidas afincadamente pela oposição política portuguesa) uma grande falta de responsabilidade.
Não, não sou a dona da verdade, mas penso que percebo mais de mercados financeiros do que um qualquer jornalista ou advogado com sonho de ser actor. O que se passa é que resolveram começar por algum lado a por ordem na economia mundial. Escolheram a Grécia (afinal, que consequências pode trazer atacar aquele paiseco?) e esqueceram-se de um pormenor chamado União Europeia. Este pequeno pormenor fez com que, depois da Grécia, se começasse a analisar as contas públicas dos "pequenos e periféricos", grupo do qual Portugal faz parte, tal como a Irlanda, a Espanha e a Itália (próximas vítimas, sem dúvida). Engraçado, o país que está pior em termos de balanço é, nada mais nada menos, que os EUA, casa das famosas agências de rating e N bancos de investimento. E é aqui que quero chegar. Todos têm interesses a defender, inclusive numa crise, e cada qual faz o que pode para chegar onde quer, nem que isso signifique destruir economicamente meia duzia de pequenos países do outro lado do Atlântico.
Posto isto, faço a ressalva que é óbvio que chegámos a uma situação incomportável em termos de despesa pública em Portugal, mas ainda acho piada quando vejo partidos com assento no Parlamento a defender aumentos para alguns, logo eles, que defendem tanto a igualdade para todos...

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