segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Sputnik, meu amor"

Escrevi este post sentada numa cadeira de avião voltando de Londres. Durante 2 horas tenho o prazer de levar pontapés na cadeira porque a miúda atrás de mim não consegue estar quieta. Para culminar, tenho uma senhora chilena dos seus 65 anos comunista que tentou meter conversa comigo sobre o 25 de Abril e como eu tenho de lutar pelos direitos dos trabalhadores...
Assim que enfiei a cabeça no meu livro e acabei de o ler. Li metade no vôo para Londres e a outra metade no para Madrid. Chama-se "Sputnik, meu amor" e é de um dos meus autores favoritos, Haruki Murakami.
A forma como este escritor impregna nas suas obras algum surrealismo e algo de sobrenatural, misturado com histórias que poderiam ser a vivência de cada um de nós deixa-me sempre a pensar.
Penso sobretudo como aquelas personagens têm tanto a ver comigo, como me identifico com elas. Como por vezes sinto que o eu que se apresenta ao mundo não é o meu verdadeiro eu, aquele que habita não o meu cérebro, mas a minha alma.
Os livros de Murakami são, sobretudo, histórias da vida comum num mundo como o que vivemos. Normalmente passam-se no Japão, um país que já de si me causa algum interesse, pela forma como o expoente da modernidade convive com tradições milenares e alguma superstição. Nas obras deste autor, a personagem principal é sempre uma pessoa comum, que podería ser qualquer um de nós. Essa personagem passa por experiências deste e do "outro mundo", do "outro lado do espelho". Esta travessia contribui para que a personagem se encontre consigo mesma e, no final, para que os dois "eus" (o do mundo real e o do mundo surreal) se encontrem e se unam.
Como já referi, fico sempre a pensar quando termino de ler Murakami. Será que algum dia terei a coragem para me mostrar sem filtros ao mundo? Será que os meus dois "eus" se irão unir plenamente algum dia?
Pela janela do avião já se vê solo espanhol. É hora de me preparar para a aterragem.
De volta ao mundo real...

1 comentário:

  1. Comprei ess livro para oferecer à minha prima M. que fez 15 anos. Achas que é próprio para a idade dela?

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