quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Eu

Agora que decidi começar a publicar com o meu nome, decidi contar um bocadinho da minha vida. 
A minha família é de origem humilde (Alentejo da parte da mãe e Setúbal da parte do pai). O meu pai não teve uma vida nada fácil e a da minha mãe, embora tenha tido conforto, também não teve cá luxos. Sou filha única. E sou filha única porque os meus pais decidiram que não podiam dar o mesmo conforto a mais filhos. Quiseram dar-me o melhor que podiam, e abdicaram de ter mais filhos por isso. Tive uma boa infância, boa educação (sempre na escola pública), tive quase tudo o que quis (ok, faltou a mansão da Barbie e o Baby Born), mas também ouvi muitos não. Os meus pais estavam constantemente a dizer-me que, sem trabalho, não chegava a lado nenhum, que tinha de estudar e ser boa aluna e lutar pelo que queria. Não tive tudo de mão beijada, nem pouco mais ou menos. Ah! E sempre vivi na Margem Sul (o drama!, o horror!). 
O meu pai, que sempre foi e continua a ser a pessoa a quem mais dou ouvidos na vida, sempre me motivou para ir mais além, para estudar fora, para trabalhar fora, para ir viajar, para conhecer o mundo. Rapidamente me disse para alugar uma casa em vez de comprar, para não ligar ao carro "faz viagens filha, isso é que se leva da vida". E, basicamente é isso que faço. O meu pai, quando eu tinha 15 anos, deu-me o discurso do "nunca te prendas por nada, voa e sê feliz, o pai apoia". 
Tenho de confessar que não tive uma boa adolescência (alguém teve?). Tinha uma auto estima inferior a 0, fui vítima de bullying (na altura não se chamava isso, nem se dava importância), ouvia alanis mourissette e starsailor (deprimente), tive ataques de pânico, uma depressão e andei num psicólogo (melhor coisa que fiz).  O meu primeiro namorado ajudou a ultrapassar um bocadinho isto, mas a grande mudança deu-se com a entrada na faculdade. 
A escolha da faculdade foi baseada em vários factores. Eu sabia que entraria onde quisesse porque tinha boa média mas só 2 tinham o curso que eu queria: Finanças. Depois, contou muito o ambiente. A minha faculdade, o ISEG, tinha um óptimo ambiente, e ainda hoje tenho saudades. Na minha candidatura, lembro-me que pus como opções: Finanças no ISEG, Economia no ISEG, Gestão no ISEG, Finanças no ISCTE e Economia na Nova. Fiz tudo o que havia para fazer: AE, Comissão de Praxes, Comissão de Finalistas... E acabei o curso com a melhor nota da minha turma e no top 3 da faculdade. O momento em que mais me emocionei? Quando me convidaram para fazer parte da mesa do tribunal de praxe no último ano, e no último dia de aulas. Ah, e antes que comecem a julgar: as praxes no ISEG são MESMO integração. E sim, tive traje e adorei!
Foi fácil começar a trabalhar. Na verdade, comecei a trabalhar ainda antes de acabar o curso, em part-time, na mesma instituição onde trabalho hoje. Acabei por vir para Madrid na sequência da relação que correu mal, mas também porque sempre quis viver fora. Ainda hoje não ponho de parte mudar de país (talvez daqui a um tempo, quando o M. me puder acompanhar). 
Acho que até este ponto tive uma boa vida. Hoje acredito piamente que tudo acontece por uma razão. Que todas as decisões que tomamos são as que temos de tomar naquele momento. Que as loucuras fazem parte da vida. Que é melhor ter uma família unida e com amor que uma muito rica sem união. Que o que achamos que é uma desgraça por vezes torna-se numa coisa muito boa. 

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